quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Análise: MR BONES


Aventura interessante e recheada de riffs de guitarra que acabou afundando junto do Sega Saturno



Ciência e magia nas baquetas

O Sega Saturno foi o primeiro console a mostrar que a Sega tinha perdido o fôlego. Acossado pelo Nintendo 64 e especialmente pelo PlayStation 1, da novata Sony, o console tremeu nas bases e infelizmente afundou para o status de cult, com algumas poucas franquias memoráveis. Algumas, como “Panzer Dragoon” marcaram o sistema e acabaram ganhando uma versão posterior (no caso, “Panzer Dragoon Orta”, lançado no Xbox original). Outras caíram no vórtex da obscuridade, como “Mr. Bones”.

Lançado em 1996, “Mr. Bones” pode não ter gerado sequências, nem pode ser um clássico mainstream, mas tem uma legião de seguidores. O game conta a história de um filósofo maluco, DaGoulian, que acredita que o único jeito de garantir a sobrevivência do bem é fortalecer o mal.

Para isso, ele conjura uma legião de mortos – agora esqueletos – usando uma bateria alimentada por ciência e alquimia. Um dos esqueletos, no entanto, se recusa a espalhar o mal, se auto-proclama Mr. Bones e parte para enfrentar DaGoulian.



Mais vídeo do que game

É uma aventura meio viajante, com uma urgência calcada no absurdo. A saga de Mr. Bones funciona pelo personagem ser tão carismático, especialmente considerando que é apenas um esqueleto estilizado com olhos azuis brilhantes, contrastando com os olhos vermelhos e cintilantes da horda maquiavélica de DaGoulian.

“Mr. Bones” foi lançado na crista da onda da mania por FMV, ou “Full Motion Video”, uma técnica introduzida nos consoles pelo Sega CD em games infames como “Night Trap” e “Sewer Shark”. No PC, os vídeos já eram usados e até cooptaram alguns talentos de Hollywood, como Malcom McDowell, Clive Owen, Christopher Walken, entre outros. “Mr. Bones” tinha tantos vídeos que vinha em 2 CDs. Nas sequências animadas, Mr. Bones era gerado por computador e DaGoulian era interpretado por um ator real.




Diversidade é o que importa

Durante as fases, os gráficos eram esquisitos, uma versão 1996 do 2,5D tão em voga atualmente em games como “Little Big Planet” e “Donkey Kong Country Returns”. Não é que o cenário tinha profundidade, mas os personagens tinham um ar poligonal diferente dos sprites encontrados na geração anterior, como no SNES e Mega Drive.

A estrela do show, no entanto, era a jogabilidade. É difícil exatamente classificar “Mr. Bones”. Algumas fases funcionavam como games de plataforma tradicionais, outras colocavam minigames amalucados para que o jogador resolvesse. Algumas fases eram até mesmo inspiradas pelo clássico “Breakout”, de Atari. Não era estranho estar pulando de plataforma em plataforma em uma fase e, na seguinte, estar fazendo um solo intenso de guitarra.


Guitarras de outro mundo

A trilha sonora é outra que merece destaque. Composta pelo guitarrista Ronnie Montrose, que já tocou com Herbie Hancock e Van Morrison, a trilha tinha riffs de guitarra magníficos, solos interessantes e era, para todos os efeitos, matadora. Até a capa do game valorizava a guitarra, com Mr. Bones segurando o instrumento com um sorriso malandro.

“Mr. Bones” é um bom exemplo de game que cristaliza uma era. Lançado no auge da febre FMV, hoje em dia é uma peça de museu. Mas com uma trilha sonora de rock furiosa e mecânicas inovadoras de jogabilidade, o game merece o status de clássico cult. Mesmo que nunca vá para o mainstream, “Mr. Bones” vai ter sempre uma legião histérica de fãs.



FONTE DA ANÁLISE: AQUI





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